A gazela-de-grant (Gazella granti) é uma grande gazela com chifres em forma de lira encontrada nas savanas e pradarias da África. É uma das presas preferidas de predadores como o leopardo e a chita.
Fotos, imagens e descrição de algumas das espécies animais do mundo, ameaçadas de extinção pela ação depredatória do homem sobre o meio ambiente. Photos, Images, Animal Stories, Wildlife Conservation, True African Stories Etc.... Histórias verdadeiras passadas em Africa, retiradas do livro " Coletânea de Contos Africanos". Lista de Blogs Interessantes.
A gazela-de-grant (Gazella granti) é uma grande gazela com chifres em forma de lira encontrada nas savanas e pradarias da África. É uma das presas preferidas de predadores como o leopardo e a chita.
Autor: João Carlos Mesquitela
Extrato do Livro do Autor " Coletânea de Contos Africanos"
Em 1979, fui convidado a participar de uma equipe especializada na captura e recondução de animais no Kenia.
Aceitei porque me pagavam relativamente bem, e porque participaria pela primeira vez, de um tipo de caçada diferente, cuja intenção não era matar, mas capturar animais vivos, enjaulá-los, cadastrá-los, medi-los, classificá-los para depois transferir para outras áreas, menos povoados, onde poderiam recomeçar suas vidas em liberdade e protegidas pelo homem.
Saí de Windoek com destino a Nairobi, numa viagem tranquila pela SAS onde me esperavam os Drs Kennet Smoth e Margareth Kwatta, biólogos chefes da missão, e que estão na lista de meus amigos mais próximos, fazia já alguns anos, quando, envolvidos em pesquisar determinado tipo de morcegos, nos embrenhamos em algumas cavernas a norte do Kenia, desconhecidas para nós.
Ouvíramos falar em determinado tipo de morcegos cujas características eram diferentes, do tipo Vampiro, pelo seu tamanho e aspecto.
Como cientistas que eram, me convidaram, o que achei interessante, apesar desse tipo de mamífero não me ser nem um pouco simpático.
Já dentro das cavernas depois de um dia inteiro andando subindo e descendo montes, a pé, tive a oportunidade de apreciar o magnífico espetáculo patrocinado por aquelas salas repletas de estalactites e estalagmites que brilhavam como cristais á luz dos lampiões e farolins que portávamos.
Incomodados em seu sossego, milhares de morcegos passavam por nós em voos rasantes deixando um cheiro nauseabundo.
Outros, mais afoitos, se penduravam em nossas roupas e mochilas, possivelmente na esperança de sugarem algumas gotas de sangue de nossos corpos, fui obrigado vezes sem conta, a afastá-los com a chama de meu isqueiro.
Mas, deixemo-nos de divagações e continuemos nossa pequena história.
Embevecidos com o maravilhoso espetáculo que a cada sala a natureza nos oferecia , as horas foram passando e Mag, pois era assim que gostava de ser chamada, capturou um dos animais, desenhou com habilidade suas formas e características e soltando-o em seguida.
Aproveitando ter na mão papel e lápis, perdeu alguns minutos traçando o desenho daquela sala em que nos encontrávamos, a mais espetacular até aquele momento.
Algum tempo passou, e, era hora de regressarmos ao acampamento base, porém, quando pensamos que iríamos sair pela abertura por onde tinhamos entrado, as chuvas torrenciais criaram um deslize de pedras e terra que obstruiu o acesso.
Com frio, devido á humidade caracteristica do ambiente, regressamos ao ponto onde antes estiveramos, na sala dos orgãos, conforme se convencionou chamá-la e decidimos passar ali a noite aguardando que fosse dia, para podermos ver, se haveria ou não outra saída.
Encontramos alguns gravetos no chão e curiosamente verificamos que os morcegos entravam e saiam por uma única abertura numa das paredes laterais, o que nos deixou mais esperançados de encontrar uma saída no dia seguinte.
Apesar da dificuldade em acender os gravetos, bastante húmidos, com a ajuda dos excrementos dos morcegos, um ótimo combustível apesar do cheiro pestilento que exalavam, passamos uma noite tranquila, e, aquecidos.
Logo que o dia raiou, verificamos que nossa teoria estava certa e em breve estávamos respirando ar puro, quase do lado oposto da montanha e do local por onde havíamos entrado no dia anterior.
Três longos anos se haviam passado desde então, mas, apesar de minhas andanças por Africa, jamais deixei de manter contacto com eles.
Percorrendo o caminho para o Parque Nacional, já em Nairobi, fui posto a par do trabalho que estavam desenvolvendo, programa esse patrocinado pelo Governo local, pressionado com toda a certeza pela opinião pública mundial, no intuito de salvar alguns leopardos que, na área, apesar dos esforços dos guardas e da polícia, estavam em quase extinção por ação de caçadores de peles clandestinos.
Iniciamos logo nosso trabalho, passando uma revisão ás armadilhas mecânicas colocadas em diversos pontos estratégicos do parque. Eram vinte e uma ao todo. E recolhemo-nos para jantar e conversar um pouco, matando saudades de três anos de ausência.
No dia seguinte, ao rastrear as armadilhas, preso em uma delas, um leopardo bébé, tentava libertar-se das grades que o prendiam, soltando miados desesperados. Não teria mais de seis meses. Portanto mamava, e com certeza sua mãe se encontrava por perto, se não fora abatida.
Com cautela, tomando todos os cuidados para que não tivéssemos alguma surpresa, aproximei-me da armadilha e estendi a mão para o animalzinho que assustado reagiu violentamente, Atacando com as garras em riste.
Resolvemos não forçar e mandamos que carregassem a jaula para o jeep.
As outras armadilhas estavam livres.
Durante uma semana inteira, tentamos alimentar o bichinho, que não aceitando nossa presença, se negava em tocar no que quer que fosse que ali deixássemos, ameaçando atacar mostrando suas garras afiadas.
Tudo tentamos para que a oncinha se mostrasse um pouco mais amigável. Os dias foram passando, e algo realmente nos começou a intrigar, se o animal não se alimentava, como podia manter seu vigor físico, não apresentando qualquer sintoma de fraqueza, antes pelo contrario, estava forte e sadio e cada vez mais violento.
Resolvemos então investigar o que se passava, pois não era natural o que acontecia, assim, se decidiu que passaríamos a ficar de tocaia, um por vez, dia e noite. Como era o primeiro dia, entricheirados dentro de um grande container, onde colocamos três cadeiras, mandamos abrir umas brechas nas laterais, de onde, com segurança e sem ser vistos, ficamos aguardando os acontecimentos.
O Dr Kennet transportou para ali sua câmara de video, equipada de infravermelhos, a fim de podermos registrar qualquer anomalia e dispusemo-nos a esperar.......
Tivemos então, a oportunidade de observar, algumas horas depois, algo que nunca poderia passar sequer por nossas mentes, algo que reputamos de fantástico, de extraordinário, que nos surpreendeu e enterneceu de verdade!
Eram cerca de duas horas da manhã, o céu sem nuvens e a lua cheia deixava tudo ao redor com um brilho nacarado, a luminosidade nos permitia observar até bastante longe, quando, uma sombra esguia e furtiva, extremamente cautelosa, avançava a cerca de três metros de distancia sem ruído, protegida por suas patas almofadadas, e se dirigia diretamente para a jaula onde se encontrava nosso pequeno leopardo.
Contendo a respiração, cada um de nós, olhava pelas frestas, e observamos como a sombra, deu algumas voltas em redor da jaula, depois parou, olhou para nós como que pressentindo algo diferente, escutou por alguns momentos, e depois com as patas tentou abrir as grades.
Não conseguindo seu intento, deitou-se o mais junto possível, ajeitou-se e literalmente de ladoí colada ás grades, ofereceu suas tetas a oncinha que se deliciou quanto pode, direi mesmo, até cansar, depois, saciado, levantou-se e tentou com a patinha brincar com sua mãe que se limitou apenas a cheirá-la uma vez mais, e tão reptíciamente como chegara, partiu.
Emocionados, olhamos uns para os outros, como a querer sentir na realidade e na escuridão em que nos encontrávamos os sentimentos porque cada um de nós passava naquele momento.
Abrimos nosso abrigo, quando o Dr. Kennet, levou a mão á testa e soltou um palavrão.
Olhamos para ele, que apontou a câmara de video que ali ficou sem funcionar, pois nos esqueceramos de ligar.
Decidimos então, deixar o animalzinho no cativeiro mais um dia, para podermos gravar estas imagens.
De novo a cena se repetiu, só que desta gravamos as imagens tão esperadas, das quais eu tenho uma fita que não me canso de vêr e guardo com carinho especial.
O amôr maternal não é só apanágio do ser humano, o mesmo sentimento se reflete, talvez até, com mais ardor, entre os mais sanguinários animais selvagens.
Restava para nós, ainda fazer algo, capturar a mãe!
Colocamos uma rede no chão, cobertas de folhas, exatamente no local em que sabíamos ir alimentar seu filhote.
Uma vez aprisionada, colocamo-la na mesma jaula de seu filhote.
Tão impressionados ficamos com a atitude desta mãe, que resolvemos levá-la nós mesmos a seu destino, o que implicou numa viagem de três horas de helicóptero.
No momento em que, já no destino subi na Jaula e levantei a porta para que os nossos hóspedes pudessem finalmente sair e viver em liberdade e segurança vi, que no rosto negro da Dra Margareth, brilhava uma lágrima furtiva..... de felicidade.
Posted by joão Carlos Mesquitela às 20:09
Procurei e não encontrei, por estar esgotada a edição de Coletânea de Contos Africanos, alguém me sabe informar onde ainda encontrarei?
Sou fã numero um de Africa, apesar de nunca ter estado lá, e estas histórias, que eu uso profissionalmente em minhas aulas, sou professora,são um exemplo de preservação da nossa maior riquesa´A Vida.
Contato par ErmenegildaSoares@uol.com
imagino a emoção dos protagonistas desta história, eu chorei de emoção e alegria ao ler este relato. publiquem mai, e coloquem mais fotografias, só está faltando neste site, imagens em vídeo
Vila Nova de Mil Fontes
Portugal
Eduarda Real
Se todas as histórias africanas terminassem deste modo, aquela parte do mundo seria um paraíso, aqui, no Brasil, onde vivo, por falta de atitude do Governo ( qualquer Governo), estamos condenados a ver nossa Fauna e Flora destruida pela ambição de poucos e em prejuizo da maioria.
Por favor publiquem mais histórias desse autos, que me emocionou com seus relatos. obrigado
Maria Júlia Pereira Sampaio
Rio Grande do Sul